quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Médium de Passagem


Escrito por XAMÃ:



Recentemente pesquisei na internet sobre o termo "médium de passagem" e para minha tristeza, encontrei apenas referências esparsas e algumas citações em textos sobre espiritualidade, mas nada falando diretamente sobre o assunto. Humildemente me proponho a elucidar o que vem a ser um médium de passagem, relatando aqui minha experiência pessoal e fazendo uma breve avaliação do tema em suas diversas facetas.
Primeiramente, devemos compreender o significado da mediunidade, para então tratarmos sobre a passagem:
Médium vem do latim, medium (médio, meio), um termo bem correto, pois a pessoa dotada de mediunidade age em meio a dois planos: o físico e o espiritual.
Os médiuns tratam diretamente da comunicação com os espíritos, as vias mais comuns se dão por contato visual (clarividência), auditivo (audiência), ou ambos (clariaudiência); Maneiras mais "discretas" também denotam mediunidade, tais como sentir cheiros ou simplesmente ter sensações (a famosa intuição). Sonhar também pode ser associado à mediunidade, pois através dos sonhos temos contato com outros seres e com os desencarnados, além de termos visões do futuro, seja por meio de simbologia ou a cena de fato. Há outras formas bem conhecidas da mediunidade, como a incorporação (aonde age o médium de passagem), e a psicografia (amplamente difundida e conhecida após o fenômeno Chico Xavier).
Métodos de adivinhação tais como runas, cartas, búzios etc envolvem espiritualidade (até para acreditar no que a sorte está dizendo), mas ser médium não é algo necessariamente obrigatório. A capacidade intelectual de entender corretamente a posição e o significado das cartas e búzios pode ser sim, melhor do que a interpretação de um médium nato sem inclinação para a leitura da sorte.
Que fique bem claro:
TODO ser humano possui espiritualidade com diferentes níveis de mediunidade, o que difere o médium de fato para uma pessoa comum é o seu grau de sensibilidade com o espiritual.
Há pessoas que vêem espíritos com tanta clareza que podem correr o risco de as confundirem com os vivos, enquanto as pessoas "comuns" não percebem a presença de um morto nem que ele esteja na sua frente gritando! Explicações à parte, vamos ao foco do meu texto: o médium de passagem. Falando a grosso modo, médium de passagem é a pessoa que cede seu corpo para um espírito, (em sessões religiosas pode ser vários, um vindo após o outro). Trata-se de uma possessão consentida, aonde o médium permite que o espírito adentre no mundo físico agindo pelo seu corpo como um ser encarnado. O próprio termo "reencarnação" consiste nisso re-in-carno (latim também, "retorno a carne"), conforme brilhantemente explicou um dos maiores especialistas em TVP do Brasil, Dr. Livio Tulio Pincherle em seu livro "Terapia de Vidas Passadas".
Incorporação e Possessão

Embora sejam parecidas, existe uma diferença enorme: a incorporação envolve concentração, um alinhamento com o espírito ao qual está aguardando a entrada no mundo físico pelo corpo do médium, já o ato puro de ocupar um corpo, muitas vezes à força, sem consentimento da pessoa (ou melhor, vítima), isso se chama POSSESSÃO, um problema que acomete muitos médiuns de passagem que não tem/tiveram tratamento espiritual adequado, e geralmente são taxados de loucos, esquizofrênicos etc.
Clique aqui para ver o Post: Entre a Loucura e a Mediunidade.
Dar passagem não é apenas permitir que outro espírito ocupe e controle seu corpo, é muito mais profundo do que isso, é ceder a um desencarnado a passagem ao mundo físico sem necessidade de reencarnar, e, permitir assim que o desencarnado pratique a CARIDADE, e utilize a mediunidade do vivo para se fazer presente no mundo material. O espírito através do médium realiza curas, passes ou simplesmente conversa com outro encarnado, dando conselhos e ajudando as pessoas. Pode ser que seja apenas por uma, poucas ou várias vezes, mas o ato de dar passagem deve ser muito bem encaminhado e estudado, deve haver DISCIPLINA por parte do médium, pois os médiuns de passagem trabalham com uma linha de entidades das quais se harmonizam de acordo com sua vibração e este elo é, muitas vezes, pela vida toda.
Há casos em que um guia pode aparecer e PEDIR passagem, como por exemplo “Tio André”, guia espiritual de José Henrique, filho desencarnado de Mulher Gavião que desejava falar com ela mas precisava de um encarnado para poderem conversar melhor.
O médium de passagem e a Umbanda
Em centros de umbanda os médiuns de passagem são essenciais, pois as entidades dessa linha agem através dos seus corpos, se comunicando, dando passes e conselhos aos encarnados.
As entidades costumam chamar (e não chamam por ofensa ou desprezo, é apenas modo de falar) os médiuns de “cavalo”, “burro” ou “aparelho”. E em cada médium age um grupo específico de entidades. Na umbanda “dar Passagem” é o ato do guia deixar o médium para que outra entidade nele se incorpore.
Eu por exemplo sou da “linha da mata”, e por herança paterna tenho a linha da esquerda da Umbanda, então apenas determinadas entidades trabalham comigo, elas se harmonizam com a minha energia e juntos trabalhamos pelo bem, pela caridade.
Ser um Médium de passagem
Eu acredito que seja uma sensação diferente para cada um, logo talvez o modo como eu esteja descrevendo aqui não seja do mesmo modo como outro médium de passagem se sinta, mas vou tentar explicar como EU me sinto dando exemplos da forma mais simples possível:
No ínicio era necessário muito mais concentração como tudo que é novo, pois ainda é algo inexplorado, desconhecido e com o tempo não digo que vai se tornando mais fácil, mas sim mais familiar.
Digamos que é como escutar uma música e "adentrar" nela. Imagine uma música que você gosta, a qual você gosta tanto que ao escutá-la você se desliga do mundo, te traz uma lembrança, e você se perde na música, está tão envolto nela que esquece de tudo a sua volta, se concentra tanto que deixa o som levar você. Talvez seja um concerto de rock aonde você faz parte da banda e toca com todas suas forças ou um fã enlouquecido na platéia. O fato é que você não está mais na sua casa, mas em um show de rock! Você não é mais você mesmo, é o vocalista famoso gritando a plenos pulmões para uma platéia ensandecida! Seu corpo e mente foram levados para longe por vontade própria, mesmo sendo de forma inconsciente.
Posso dizer que é assim, quando é em um centro de umbanda você se concentra no cântico, então é como se mais alguém que nós não vemos dança conosco, o espírito relaxa, e aos poucos vem uma vontade de fechar os olhos e se entregar a música por completo, então por fim você dorme, mas é diferente do sono, não sinto sono, sinto uma energia poderosa me envolvendo, deixo ela me consumir até fazer parte dela então perco a consciência então o que se passa depois eu honestamente não lembro, já houve casos em que sonhei com algo que aconteceu enquanto estava inconsciente, como se fosse um espectador, mas sempre dias, semanas ou meses depois mas via de regra eu não lembro mesmo, nem sinto os efeitos das preferências das entidades; mesmo que algumas bebam ou fumem eu acordo plenamente sóbrio e sem vontade de fumar (até porque não sou fumante), no máximo fico apenas um pouco enjoado do cheiro de cigarro.
Pode-se dar passagem sem necessidade de música? Claro, na verdade a posessão se dá muitas vezes sem música mas em lugares impróprios e contra a vontade do médium como já falei acima, mas há sim, meios de ceder passagem a um espírito fora de centros e sessões.
Relatando como acontece comigo, digo que é como sentir uma vibração, como se meu corpo se multiplica-se, minhas mãos se "soltam" de mim e aos poucos vem vibrando de volta até se encaixarem em mim novamente, como se vestisse uma luva, e quanto mais essa "roupa" se ajusta ao meu corpo mais eu perco a consciência até eu "sair do ar" de uma vez. São maneiras diferentes de explicar o mesmo acontecimento.
Dar passagem ou não?
Erradamente atribuem o fato de não dar passagem a uma ou mais entidades o atraso na vida das pessoas. Talvez a colocação de um pai de santo ou médium em geral não seja bem explicada.
JAMAIS seres de índole boa vão causar algum tipo de infortúnio para uma pessoa que não deu passagem a eles, mas então muitos podem questionar o porquê de sua vida ter ficado tão melhor depois de dar passagem ou se estavam atrapalhando seus caminhos, negócios, sua vida enfim, só para serem "forçados" a dar passagem.
Meu caro colega médium de passagem: Eu digo que não é nada disso, acontece que se você não der passagem, os espíritos que deveriam estar ao seu lado, aconselhando, auxiliando e PROTEGENDO, não estarão próximos, então simplesmente se algo ruim acontecer eles não podem intervir, pois não estão ao seu lado. Foi escolha SUA estar longe deles, logo não reclame por eles não estarem por perto lhe ajudando. Muitos reclamam dizendo que isso é chantagem algo como "me dê passagem ou não te dou nada". Não é assim, não funciona assim.
IMPORTANTE:Se você for médium de passagem mas não quer dar passagem (ou quer parar de fazer isso) então faça uma oferenda e os demais trabalhos necessários para que possa de forma educada dizer as entidades que você simplesmente não quer isso para sua vida. São espíritos evoluídos, vão entender e respeitar sua opinião.
A recompensa
Dar passagem NÃO VAI torná-lo rico, não vai lhe dar superpoderes, nem nada demais, como brinco quando alguém me pergunta como é dar passagem:
"Não sei, eu estou dormindo, basicamente eu apago."
O mesmo vai ser para os demais, basicamente você vai apagar colega!
O ato em si eu tentei descrever acima, e eu estou sendo honesto, além de perder a consciência nada muito além disso acontece.
O que vem DEPOIS é um entendimento maior da vida, sonhos e visões que mostram coisas lindas, ou explicam muitos dos “porquês” da vida, ou um presente de uma entidade contando um pouco dela mesma, não para se vangloriar mas como um bom amigo que resolve abrir um pouco de sua intimidade (pois agora você faz parte desses amigos), uma relativa estabilidade emocional e econômica (repito: dificilmente você ficará rico ), uma sensação de dever cumprido, e até um conforto maior ante situações tristes como a perda de um ente querido.
É doloroso nos afastarmos de quem amamos, mas é reconfortante um amigo do espiritual “abraçá-lo” e gentilmente se comprometer a ajudar no processo de adaptação dos recém desencarnados.
Além, disso é muito gratificante um estranho agradecer pela ajuda, é muito gratificante poder ajudar o próximo, poder ajudar um espírito bom que seja mais bondoso ainda, e é muito bom o sincero "obrigado".
De nada meu irmão, e não precisa agradecer, literalmente sou só o instrumento.
 

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O Livro dos Espíritos - Contendo os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade – segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec. O Livro dos Médiuns - Contendo os ensinamentos dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo. Em continuação de "O Livro dos Espíritos" por Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo - Com a explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida por Allan Kardec. Fé inabalável só é a que pode encarar a razão, em todas as épocas da Humanidade. Fé raciocinada é o caminho para se entender e vivenciar o Cristo. O Céu e o Inferno - Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demônios, sobre as penas, etc., seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte por Allan Kardec. "Por mim mesmo juro - disse o Senhor Deus - que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva". (EZEQUIEL, 33:11). A Gênese - Os milagres e a predições segundo o Espiritismo por Allan Kardec. Na Doutrina Espírita há resultado do ensino coletivo e concordante dos Espíritos. A Ciência é chamada a constituir a Gênese de acordo com as leis da Natureza. Deus prova a sua grandeza e seu poder pela imutabilidade das suas leis e não pela ab-rogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.
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