Tem Preto Velho do Congo, tem Preto Velho de Angola, tem Preto Velho que vem de muito longe, do Oriente, da Europa, da América do Norte, usando esta vestimenta por Amor e pela Caridade.
Todos são Magos do Bem, que utilizam esta vestimenta fluídica de Preto Velho para envolverem os seus filhos na fumaça do pito, na toalha de renda, no terço de contas de Lágrima de Nossa Senhora, na palha da Costa, sob o sorriso fácil, o olhar profundo . Quem resiste ao encanto de um Preto (a) Velho (a)?
Na verdade, os espíritos que vieram da África, vergados sob o peso da escravatura, eram na sua maioria jovens, que adquiririam a vivência e experiências espirituais em terras brasileiras, a terra da Umbanda. Aqui envelheceram e foram se preparando para serem os Pretos Velhos tão queridos da nossa religião.
A crença trazida do seu berço africano foi sendo praticada na calada das noites, nas toadas dos pontos, nos transes ao redor das fogueiras e o tempo foi passando, lhes fornecendo um conhecimento forjado pelo sofrimento e o Amor pelos Orixás e entidades mágicas do Mundo Espiritual.
Espíritos de outros orbes que não a Mãe África, ali reencarnaram para enriquecer sua caminhada espiritual, e foram surpreendidos ( ou não…) na encarnação como nativos africanos, pela dolorosíssima provação do cativeiro, agravada muitas vezes por serem seus algozes, irmãos de sangue, de ideologias diversas. Negros entregando negros, nas mãos de feras brancas com destino aos navios negreiros.
Quantos Vovôs e Vovós ! Pai Benedito, Pai Congo, Pai Joaquim, Pai Tomé, Pai Cipriano, Pai Guiné, Pai Serafim, Vovó Cambinda, Vovó Luiza, Vovó Maria, Vovó Ana, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria Redonda, Vovó Catarina….quantos inumeráveis espíritos que deixam seus passos de Luz por esses terreiros do Brasil…
Usando suas guias de contas pretas e brancas, ou as sementes de Lágrimas de Nossa Senhora, vestindo branco ou xadrez, lenços na cabeça ou não, terços e rosários complementando os apetrechos, que podem ainda ser velas, pedras, pembas, madeiras de riscar pontos, e claro, seus tocos e banquinhos…
As linhas de atuação dos pretos velhos variam de acordo com a vibração e sua ligação aos Orixás. Eles podem acrescentar aos seus nomes esta identificação, denotando a origem:
Aruanda - refere-se aos Pretos Velhos atuantes na linha de Oxalá. Por exemplo, Pai Francisco de Aruanda. Na verdade, não se deve confundir, mas Aruanda é o local onde todas as entidades de Luz da Umbanda se reúnem.
Congo – refere-se aos Pretos Velhos ativos na linha de Iansã. Por ex. Pai Antônio do Congo.
D ‘Angola – refere-se aos Pretos Velhos da linha de Ogum, Por exemplo, Vó Maria Conga de Angola
Matas – relativo aos Pretos Velhos da linha de Oxóssi. Por exemplo, Pai Joaquim das Matas.
Calunga Pequena , cemitério ou Almas – refere-se aos Pretos Velhos na linha de Omulu/Obaluaiê. Ex.: Pai Jacó das Almas.
Calunga Grande, Mar – aqueles que trabalham junto à linha de Iemanjá. O exemplo que temos é o Velho Congo Monjolo Cassenge.
Com o desencarne de milhares de africanos que passaram pela duríssima prova da escravidão, estes espíritos adquiriram, de acordo com sua evolução espiritual, luz suficiente para aderirem ao chamado daquela Espiritualidade Superior que cuida dos movimentos evolutivos da Humanidade. E do astral, imprimiam seu jeito de ser, com suas virtudes de tolerância, paciência, perdão, alegria, musicalidade, meiguice, prontidão em servir, além da enorme Sabedoria adquirida dos séculos e dos sofrimentos.
Vieram em céu brasileiro, na dimensão astral, ombrear forças com a Espiritualidade Indígena, advinda de espíritos igualmente sofridos e com sua Sabedoria peculiar e xamânica, consolidaram uma egrégora poderosa que se manifestou finalmente através do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Podemos vê-los nos terreiros, desprendidos de qualquer vaidade, ou artificialidade, sempre prontos para uma prosa, ou apenas escutar e abençoar, nunca recusando um passe em quer que seja, uma baforada de fumaça, um olhar atento mesmo quando o (a) consulente traz problemas fúteis. Porquê por trás de palavras inconsistentes, o Preto Velho lê a carência, as obsessões, as tragédias familiares, a solidão e o desamparo, e estará sempre, do seu jeito, amparando.
Cada Preto Velho, cada Preta Velha é exímio Mestre em fazer a Caridade, dando orientação e consolo, segurança e proteção, desmanchando os nós e as demandas, firmando filho de Pemba, desvelando uma Verdade que é a Luz Maior.
Salve os Pretos Velhos e Pretas Velhas da Umbanda! Adorei as Almas!!!!!!
Alex de Oxóssi
Rio Bonito – RJ
Referencia bibliográfica
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